Houve um tempo em que Canoas era bola cheia nos quatro cantos da cidade. Os domingos começavam cedo com chuteiras nos ombros, uniformes suados de história, e a velha bola de couro sendo lançada como esperança entre os pés dos sonhadores da Força Livre. Era futebol de verdade — raiz, vibrante, coletivo, visceral. Era futebol sem filtro, sem vaidade, sem VAR. Era o futebol dos campos do Mathias, das praças de Niterói, das quadras improvisadas, das redes rasgadas pelo tempo e pelo talento.

Hoje, num cenário ainda marcado pela ausência daquele fervor das antigas categorias abertas, um novo movimento começa a soprar vida nos gramados e corações canoenses. E esse sopro tem nome e endereço digital: o site “Os Boleiros de Canoas”, conduzido com paixão pelo incansável Rodrigo Munhoz.

Lá, entre registros, resultados e reencontros, o futebol veterano (dos 35 aos 43 anos) ganhou nova força. Resgata-se não apenas a bola rolando, mas o que ela representava — amizade, pertencimento, disputa leal e identidade comunitária. A cada rodada, mais do que jogos, estão acontecendo reencontros com a própria memória coletiva da cidade.

Mas não vamos parar por aí. O próximo passo — e aqui fica o chamado — é o retorno definitivo da Força Livre. Reocupar nossos espaços, rejuvenescer o futebol de base livre e aberto a todas as idades. A Força Livre não é só uma categoria: é o pulmão do futebol popular. Quando ela pulsa, toda a cidade respira junto.

Estamos no momento exato para essa retomada. Há engajamento, há saudade, há plataformas — e há, acima de tudo, um povo que ama o futebol como cultura e como vida. Através do site Boleirada, abrimos um novo ciclo de resistência e celebração.

Se a Força Livre de ontem deixou saudade, que a de amanhã traga esperança. Porque Canoas merece isso. Porque o futebol, quando é de todos, é sempre mais bonito.

Assina:
ELFUNI ZANIOL
Colunista da Boleirada – Canoas/RS

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